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Você conhece as grandes personalidades da conservação? Ao longo dos anos, pudemos contar com alguns heróis que deram início a grandes ideias ou tiveram papéis importantes em determinados projetos de proteção ao meio ambiente. Seus princípios e histórias de vida são uma inspiração para nós, que formamos uma enorme corrente a favor da natureza.  

Vamos explorar a história desses gigantes aqui em nosso blog. A informação é nossa principal ferramenta. Por meio dela, desejamos munir a população de conhecimento, inspirar os demais cidadãos e trazer o maior número de pessoas  para o “lado verde da força”.

Em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra (20/11), viemos falar sobre um grupo revolucionário de mulheres conservacionistas negras, que combatem a caça furtiva na África: as mulheres de Akashinga! Leia até o final e inspire-se.

 

Foto: iapf.org/akashinga

 

A caça furtiva

Bom, primeiro é importante lembrar o que é e quão grave é a caça furtiva de animais africanos, principalmente, quando o assunto são elefantes e rinocerontes. A caça furtiva desses animais consiste no abate para retirada do marfim dos elefantes e dos cornos dos rinocerontes. 

Essa caça é o principal motivo que levou à drástica redução populacional desses gigantes e logo, o seu combate é essencial para a conservação. Em sete anos, as populações de elefantes africanos reduziram em 30%, grande parte devido à caça furtiva. Tanto os elefantes das florestas (Loxodonta cyclotis) quanto os elefantes das savanas (Loxodonta africana) estão ameaçados de extinção. Em dez anos, mais de 7.000 rinocerontes foram abatidos para a retirada de seus cornos. Embora os rinocerontes brancos (Ceratotherium simum) não estejam ameaçados, as demais espécies estão

 

Marfim apreendido e queimado para não voltar ao comércio ilegal. Foto: AP Photo/Khalil Senosi (G1)

 

Tudo isso, devido ao seu alto valor no mercado negro, valendo mais que ouro, ou mesmo diamantes. O uso? Para fins afrodisíacos ou ainda medicinais, apesar de não haver comprovação científica de quaisquer benefícios. 

 

O programa

Akashinga faz parte da Fundação Internacional Anti-Caça (IAPF, siga em inglês – International Anti-Poaching Foundation). A organização criada em 2009, pelo ex-soldado australiano Damien Mander, já atuou em mais de 12 países, treinando ou apoiando guardas florestais que protegem mais de 20 milhões de acres na África. Dito isso, já podemos perceber o quão sério é o trabalho das mulheres de Akashinga, que fazem parte dessa importante organização, que é a IAPF. 

O programa “Akashinga – Natureza Protegida por Mulheres” teve início em 2017, com a ideia da própria comunidade local combatendo a caça furtiva em Zimbábue, país que abriga a segunda maior população de elefantes do mundo. A inovação desse grupo de combate é que ele é composto apenas por mulheres da comunidade, principalmente as que superaram traumas, marginalizações e abusos, e que agora, têm uma nova vida.  

O criador da IAPF e do programa Akashinga, Damien, já sabia da importância da comunidade local nas ações de conservação e, ao treinar essas mulheres, percebeu que elas se sobressaiam no trabalho, quando comparadas aos homens que havia treinando anteriormente: elas não só resistiram mais ao treinamentos de forças especiais, como também eram mais aptas a reduzir situações potencialmente violentas e mais focadas em proteger a fauna. 

Com o empoderamento feminino, soma-se à proteção da fauna, a capacidade dessas pessoas, que já superaram diversas situações na vida, de também se protegerem, de proverem as suas famílias e serem as grandes protagonistas de suas histórias.  

 

Mulheres da comunidade indo para o treinamento.  Foto: Akashinga – Nature Protected by Women (Facebook)

 

O programa tem como objetivo empregar 2000 mulheres até 2030, que irão contribuir na proteção dos 30 milhões de acres, ou seja 17 milhões de campos de futebol, de natureza selvagem, sob a gestão da IAPF. Fantástico!

 

As mulheres de Akashinga (ou As Valentes)!

As mulheres de Akashinga carregam com si diferentes histórias, mas em comum, escolheram dedicar suas vidas a proteger a vida silvestre. Elas treinam intensamente seu condicionamento físico e principalmente, seu estado mental, para enfrentar quaisquer dificuldades e ameaças ao encontrar caçadores. 

 

Foto: iapf.org/akashinga

 

Por sua disciplina, determinação, coragem e força em exercer seu importante trabalho de conservação ao proteger os animais da caça, elas são conhecidas como as “Akashinga” na língua Shona, que significa “As valentes”. 

 

Foto: Akashinga – Nature Protected by Women (Facebook)

 

E quem melhor do que mulheres quando o assunto é proteção, né?! Uma fala de uma mulher de Akashinga no documentário “The Akashinga Film”, inclusive me marcou: “Eu amo elefantes, como meus filhos, então eu devo protegê-los como se estivesse protegendo meus filhos”.

Que dedicação! Elas fazem a diferença para esses seres vulneráveis: lembra que as populações de elefantes africanos foram reduzidas em 30% em 7 anos? Então, onde há o trabalho da IAPF, a caça foi reduzida em mais de 80%.

 

Foto: Akashinga – Nature Protected by Women (Facebook)

 

Os resultados vão além da proteção à fauna: na sociedade, houve melhora da saúde, aumento das crianças que permanecem nas escolas, melhoria na qualidade de vida, com aumento da expectativa de vida e planejamento familiar estruturado, entre outros pontos positivos. 

 

Admiração

Foto: iapf.org/akashinga

 

Como diz Damien: “Se você educa um homem, educa um indivíduo. Mas, se educa uma mulher, educa uma nação”.

Na África rural, o trabalho de guarda florestal é um dos mais prestigiados e respeitados. As mulheres de Akashinga, por sua força e liderança, são admiradas não só em sua comunidade, como em todo o mundo. 

Elas são um exemplo para sua comunidade e para todos nós. Que tenhamos tanta garra quanto elas para proteger a fauna selvagem!

 

Texto por: Jéssica Amaral Lara

Revisado por: Juliana Cuoco Badari