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Você conhece as grandes personalidades da conservação? Ao longo dos anos, pudemos contar com alguns heróis que deram início a grandes ideias ou tiveram papéis importantes em determinados projetos de proteção ao meio ambiente. Seus princípios e histórias de vida são uma inspiração para nós, que formamos uma enorme corrente a favor da natureza.  

Vamos explorar a história desses gigantes aqui em nosso blog. A informação é nossa principal arma. Por meio dela, desejamos munir a população de conhecimento, inspirar cidadãos comuns e trazer o maior número de pessoas  para o “lado verde da força”.

No blog de hoje vamos falar sobre o oceanógrafo Guy Marcovaldi foi Guy Marcovaldi, um dos fundadores do projeto Tamar.

Guy Marcovaldi. Foto: Istoe sergipe

Nascido no Rio de Janeiro em 1954, filho de pai comerciante e mãe dona de casa, Guy Marcovaldi viveu uma infância bastante agitada dividindo sua diversão entre os dias na praia e na fazenda em Belford Roxo, onde fica a indústria do pai. 

 

O amor pelo mar

Apaixonado pelo mar, não demorou para Guy Marcovaldi iniciar suas atividades no mergulho.  Aos seis anos de idade, já tinha um pé-de-pato, uma máscara e um respirador e já mergulhava para pescar siris debaixo de pedras.

Aos 15 anos realizou um curso de mergulho de garrafa pela Fundação Estudos do Mar, no Rio de Janeiro e inspirado por profissionais que atuavam na área já nessa época nasceu dentro dele a certeza de sua profissão: Oceanógrafo

 

Faculdade de oceanografia 

Decidido a estudar o mar,  Marcovaldi e seu pai fizeram várias pesquisas a fim de encontrar uma faculdade que oferecesse oceanografia e, dentre tantas opções no exterior, encontraram a Faculdade de Oceanografia de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, para a qual Guy decidiu se inscrever facilidades financeiras e por estar mais próximo da família.

Guy rapidamente se adaptou a faculdade e ao sul criando fortes laços no local. Embora não fosse um super fã dos estudos, o então estudante sabia dos rumos que aquela faculdade poderia tomar na vida e absorveu o máximo que podia.

 

Foto: Projeto Tamar

 

Viagens para mergulho

Fugindo do frio  e das tentativas mal sucedidas de mergulho no Sul, devido à baixa temperatura e turbidez da água, Guy  e seus amigos sempre aproveitavam o verão para organizar viagens para o Nordeste para ilhas onde pudessem mergulhar. O Museu Oceanográfico, aproveitando-se da oportunidade de ter jovens dispostos a realizar viagens e coletas a baixo custo, passou a incentivar financeiramente essas viagens em troca do grupo trazer conchas, moluscos, de outras praias do Brasil, para compor o acervo do Museu do Rio Grande. 

 

Máquina do Tempo Dia do Meio Ambiente, 1979. Guy Marcovaldi

Guy Marcovaldi. Foto: Tamar

 

Onde tudo começou

Em uma dessas viagens, em que o grupo estava no Atol das Rocas, os estudantes presenciaram algo que não acreditaram ser possível. Eles notaram que durante as noites os pescadores iam até a praia e ao amanhecer a areia se encontrava bem revirada e com buracos, mas não sabiam o motivo.

Ainda não era descrita a desova de tartarugas-marinhas no Brasil, então os estudantes não levantaram nenhuma hipótese relacionada a isso.

Foi quando uma das estudantes que acompanhava o grupo acordou durante a noite e surpreendeu os pescadores matando várias tartarugas na praia. 

O grupo então decidiu registrar aquele momento e foi uma das fotos, de uma tartaruga marinha com a barriga aberta cheia de ovos, uma das responsáveis pela criação do Projeto Tamar. 

Foi o primeiro registro de reprodução de tartarugas marinhas em território Brasileiro.

 

O paradeiro das fotos

As fotos foram parar na mão do Renato Petry Leal, diretor da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul que logo após veio a assumir a Divisão de Proteção à Fauna Silvestre do Instituto Brasileiro de Florestas, O IBDF.

Em uma reunião sobre as responsabilidades do Brasil como signatário da CITES, Convenção Internacional de Tráfego de Espécies ameaçadas de extinção, foi discutida a necessidade do país desenvolver um projeto na área de conservação e Renato lembrou das fotos e da necessidade de criação de projeto de conservação de tartarugas marinhas. Eis o nome dos ¨estudantes viajantes¨, foi levantado e vários membros do grupo foram convidados para trabalhar no IBAMA fazendo parte do Programa Nacional de Conservação Marinha, cujo objetivo era realizar levantamento da costa Brasileira e identificar as áreas prioritárias para conservação.

Guy e seus companheiros passaram a percorrer todos os estados brasileiros visitando litoral por litoral a fim de fazer este levantamento. 

 

O diagnóstico 

O levantamento de todo o litoral Brasiliro durou dois anos e ao terminar essa etapa, os pesquisadores fizeram um triste diagnóstico em relação a reprodução das tartarugas marinhas no Brasil, que explicava a sua inexistência na literatura embora eles e as comunidades locais soubesses de sua existência: Todas as tartarugas que chegavam ao Brasil para reproduzir ou eram mortas ou seus ovos eram coletados. 

A reprodução no Brasil estava interrompida pela ação do homem e era necessário proteger as praias para fazer com que ficassem seguras para as tartarugas se reproduzirem.

 

O projeto Tamar

O projeto Tamar foi criado em 1980 com foco na proteção de tartarugas marinhas e tornou-se referência mundial e sem dúvidas é uma inspiração para todos os conservacionistas do Brasil.

 

Tamar completa 40 anos na conservação de espécies de tartaruga marinha na  costa brasileira | Agência Petrobras

Foto: Projeto Tamar

 

O principais parceiros do Tamar: A comunidade

Após obter um diagnóstico tão duro em relação às tartarugas-marinhas no litoral Brasileiro, foi percebido que proteger apenas as áreas não seria suficiente. Era preciso aliar-se às pessoas e às comunidades locais. Os moradores que mais coletavam ovos, foram convidados para integrar a equipe do projeto e com isso, além de deixarem de ser predadores para as espécies, passaram a ser importantes fontes de conhecimento e ajuda na conservação.

Hoje o Tamar tem mais de mil funcionários e a maioria é morador das comunidades costeiras onde tem bases do Tamar. Essa parte social também foi um dos pilares do projeto.

“Um programa de natureza não se constrói sem dedicação. O maior resultado do Tamar é a recuperação de cinco espécies de tartarugas e a confiança que elas depositam em nós. No início, elas fugiam, hoje, elas confiam na gente”, disse Marcovaldi, em seu discurso.

 

Itapuã, Brasil: um estudo de caso para engajamento urbano na conservação de  tartarugas

Foto: Projeto Tamar

 

E ai? Também ficou encantado com a história do Guy Marcovaldi e com um pedacinho da história do Tamar? Falar sobre o Tamar em si já é assunto para outro blog, porque haja história linda.

 

Parabéns por essa garra e por esse lindo trabalho Guy! Nosso planeta agradece e nossos corações também!

 

Texto por Fernanda Sá

Informações extraídas do Museu da pessoa e O Eco