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Cada bioma possui sua importância biológica, social e ambiental, por isso, todos possuem uma data especial, para assim, aumentar ainda mais sua visibilidade, ressaltando sua relevância e conscientizando sobre seu estado de conservação. 

Por isso, seguimos com a nossa série Biomas do Brasil, em que iremos te contar mais detalhadamente sobre cada um dos grandes ecossistemas brasileiros. No dia 28 de abril, é comemorado o Dia Nacional da Caatinga, um bioma exclusivamente brasileiro.

Quer conhecer mais sobre a Caatinga? Continue por aqui, pois vamos te contar suas características, biodiversidade e quais são as principais ameaças sofridas pelo bioma. 

 

O que é Caatinga?

 

Caatinga refere-se à vegetação predominante do nordeste brasileiro. 

A palavra tem origem no tupi que significa mata/floresta branca, devido a aparência da vegetação na estação seca, quando as plantas perdem suas folhas e os troncos ficam esbranquiçados. Já na estação chuvosa, a paisagem se transforma do branco para os mais variados tons de verde.

 

Caatinga / Foto: Joaquim Neto.

 

A área de extensão do bioma é de 826,411 km², equivalente a 10% do território nacional e estende-se por 8 estados brasileiros: Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Paraíba, Sergipe, Bahia, Alagoas e também uma pequena região ao norte de Minas Gerais. 

 

Distribuição da Caatinga / Foto: Embrapa.

 

A caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, o patrimônio biológico e genético do bioma só é encontrado no Brasil, ou seja, o conjunto de informações de fauna e flora da região só ocorrem no nosso território brasileiro, além de possuir uma enorme diversidade de espécies. 

Por apresentar um clima semiárido, a temperatura média varia de 25ºC a 30ºC e a precipitação de chuva é de cerca de 800 mm por ano e é o sistema de chuva que define as estações do ano, que são separados por dois períodos: os chuvosos (3 a 5 meses de duração) e os secos (7 a 9 meses), sendo que nesta época a temperatura do solo pode chegar a impressionantes 60ºC.

Outra característica da Caatinga é sua alta luminosidade, pois o bioma está exposto a luz solar por 2.800 horas ao ano.

 

Foto: Conexão Planeta.

 

O tipo de solo e de relevo da Caatinga é bastante variado e por isso, há uma enorme diversidade de paisagens, como por exemplo as serras e chapadas que se encontram nas regiões mais altas do bioma, com uma vegetação mais densa e fechada.

Há também, regiões mais planas que possuem um solo mais raso e por consequência sua vegetação é mais arbustiva e com a presença de cactáceas (cactos). Algumas áreas apresentam a exposição de rochas na superfície, que são conhecidas como lajedos, atuando como um deserto com pouca vegetação, sendo esta composta especialmente por as suculentas (cactáceas) e bromélias. 

 

Características dos Lajedos / Foto: UOL.

 

Grande parte dos rios locais são intermitentes, ou seja, aparecem somente na época das chuvas, ficando completamente secos no período de seca. Os rios perenes, como é o caso do Rio São Francisco, que ficam cheios ao longo de todo o ano, ocorrem em menor quantidade. 

 

Rio São Francisco / Foto: Maristela Crispim.

 

Biodiversidade da Caatinga

 

O clima, os diferentes tipos de solo e o contato com os biomas vizinhos (Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica) tornaram a fauna e flora bastante adaptada a região, e contribuiu para que surgisse uma grande quantidade de espécies endêmicas, ou seja, que só ocorrem na Caatinga. 

 

Foto: Associação Caatinga.

 

No bioma existem cerca de 944 espécies de plantas e destas, 318 só ocorrem na região. 

Essa grande diversidade de vegetação varia de acordo com o clima, relevo e solo. Algumas plantas se adaptaram à escassez de água e por isso, são conhecidas como plantas xerófitas que possuem características que evitam a perda de água.

 

Foto: Associação Caatinga.

 

A fauna da Caatinga é muito rica, apresentando mais de 510 espécies de aves, 240 de peixes, 143 de mamíferos, 116 répteis e 51 espécies conhecidas de anfíbios, sendo que muitas espécies só ocorrem na região, ressaltando a riqueza biológica do bioma.

Assim como as plantas, os animais também se adaptaram às condições climáticas, onde algumas espécies realizam migrações sazonais para regiões mais úmidas, enquanto outros podem acelerar seu ciclo reprodutivo nas épocas de chuva. 

 

Perereca-de-capacete-da-Caatinga (Corythomantis greeningi) / Foto: Carlos Jared.

 

Você sabia que é na Caatinga que foi descoberta a primeira espécie de perereca peçonhenta da natureza? Clique aqui e confira o artigo completo. 

Os anfíbios são seres vivos que necessitam de umidade para sobreviver, em meio a um ambiente extremamente seco, desenvolveram estratégias para superar as adversidades do bioma. 

Esse grupo de animais se reproduzem somente nos períodos chuvosos, a proteção contra perda de umidade nos ovos e girinos vêm de uma espuma produzida pelos adultos. Devido a toda pressão ambiental, a metamorfose dos girinos é acelerada para superar a evaporação de água. 

 

Periquito-do-sertão (Aratinga cactorum) / Foto: Pássaro.org.

 

Dentre as incríveis espécies endêmicas da Caatinga,  temos o periquito-do-sertão, o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) e o mocó (Kerodon rupestris), além de muitos outros. 

 

Tatu-bola / Foto: Liana Sena.

 

Ameaças do Bioma

 

Inicialmente, a Caatinga apresentava uma extensão de 1 milhão de km², porém o bioma vem sofrendo com a degradação, e atualmente restam apenas 53% de sua cobertura original, que agora consiste em fragmentos de matas remanescentes. 

 

Solo degradado / Foto: João Vital.

 

Os fragmentos florestais são regiões isoladas e pequenas, o que torna o local mais suscetível à degradação, incêndios e exploração por atividades antrópicas. Essas regiões são isoladas de outras regiões de floresta, deixando um enorme impacto à fauna, como por exemplo, aumento no atropelamento de animais devido a divisão de seu habitat. 

As causas desses impactos se devem a atividades irregulares, como o desmatamento causado pela extração de madeira, lenha e carvão, as queimadas realizadas para “limpar” o terreno para plantação agrícola, provocando empobrecimento do solo, diminuição da biodiversidade, poluição do ar, alteração do ciclo da água e diversos outros impactos negativos.  

Outros fatores que ameaçam a saúde desse ecossistema são a caça predatória, o tráfico de animais silvestres e a perda de habitat.

 

Foto: Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

 

O estágio mais avançado de degradação ambiental que o bioma enfrenta é a desertificação, ou seja, quando há a diminuição da vegetação, empobrecimento e diminuição da umidade do solo por conta das ações humanas, e as chances desse ambiente se regenerar nessas condições é quase mínima. 

Esse ecossistema tão rico e maravilhoso conta hoje com cerca de 366 espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção e devido aos sérios impactos que vem sofrendo, o bioma corre risco de desaparecer.

Portanto, é extremamente necessário que todos passem a refletir sobre as consequências das ações humanas à ambientes tão ricos e especiais como a Caatinga, não concordam?

 

Texto por: Giovanna Leite Batistão

Revisado por: Juliana Cuoco Badari