Diversas vezes postamos aqui sobre projetos que estão lutando bravamente para a recuperação de uma espécie ameaçada de extinção. Mas será que isso é possível? Esses projetos conseguem atingir seus objetivos? As espécies realmente são salvas da extinção?
A resposta está no artigo publicado na revista Conservation Letters.
no final do ano passado. A jornada é árdua mas, SIM, os projetos fazem a diferença!
A pesquisa
Um grupo de pesquisadores internacionais, liderados por cientistas da Newcastle University, do Reino Unido, se uniu para analisar os impactos que os conservacionistas têm causado sobre as espécies ameaçadas e listou quantas espécies deixaram de desaparecer por conta de suas ações nos últimos 30 anos.
O objetivo desses pesquisadores, segundo conta Rike Bolam, principal autora do estudo, foi identificar quantas extinções foram evitadas desde 1993, quando entrou em vigor a Convenção sobre Diversidade Biológica, e desde 2010, quando foram adotadas as últimas metas relativas a ela, incluindo a que tratava da prevenção de extinções.
Os autores queriam identificar se a política realmente causou impactos sobre o número de extinções evitadas.
Como base da pesquisa, os autores utilizaram a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. Todas as espécies de mamíferos e aves classificadas como “extintas na vida selvagem”, “criticamente ameaçadas” ou “ameaçadas” foram analisadas. Segundo os autores essa escolha se deu ao grande número de dados existentes sobre esses grupos.
O resultado
Quer tentar um palpite de quantas espécies foram salvas?
Pois, saiba você que ações de conservação evitaram entre 21 a 32 extinções de aves e 7 a 16 de mamíferos desde 1993, e entre 9 a 18 extinções de aves e 2 a 7 mamíferos desde 2010. Chocante, né? E mesmo com esses esforços todos, dez espécies de aves e cinco de mamíferos entraram em extinção nos últimos 17 anos. Mas os cientistas afirmam: Sem esses esforços essas taxas poderiam ser 2,9% a 4,2% mais altas.
Vamos a uma lista de quais animais desapareceram:
Espécies em que suspeita-se terem sido extintas na natureza:
- Uma espécie de marsupial de Papua-Nova Guiné
- Uma espécie de golfinho de água doce da China
- Uma espécie de macaco da África
- O caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum)
- A arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus)

Caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum). Foto: Aves de rapina Brasil
Espécies extintas:
- O morcego Pipistrellus murrayi, na Austrália
- O pequeno roedor Melomys rubicola, na Austrália
- Aves que viviam em ilhas como Galápagos ou Havaí, ou na América Central ou do Sul.

Melomys rubicola. Foto: Uma gota no oceano
Agora focando nos bons resultados…
O lince-ibérico (Lynx pardinus); o condor-da-califórnia (Gymnogyps californianus); o porco-pigmeu (Porcula salvania), nativo da Índia; o cavalo-de-przewalski (Equus ferus przewalskii), equino selvagem da Mongólia, que chegou a ser extinto na natureza; e o papagaio-de-porto-rico (Amazona vittata), dentre outras, tiveram o número de suas populações aumentadas.

lince-ibérico (Lynx pardinus). Foto: Klima Naturali
Quais foram as táticas usadas pelos cientistas que resultaram em sucesso?
São várias e, funcionam principalmente quando combinadas, mas Rike Bolam destaca que, o controle de espécies invasoras, a proteção de áreas naturais e a conservação ex-situ, como a reprodução em cativeiro são as que mais merecem destaque.
Vai Brasil!
Das 32 espécies de aves cuja extinção foi provavelmente evitada cinco são endêmicas do Brasil.
- Choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi)
- Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu)
- Mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii)
- Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)
- Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)- Vale ressaltar que essa ainda não pode ser vista voando livre na natureza, mas em breve teremos notícias de sua soltura.

Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu). Foto: A crítica
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Ainda temos muitooo pra conquistar, mas já é um bom começo, né? Parabéns a todos os pesquisadores envolvidos em cada uma dessas vitórias e terminamos esse texto com a famosa frase clichê: Todos esforço, valeu a pena!
Texto por: Fernanda Sá