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O primeiro registro de onça-parda (Puma concolor) com leucismo do mundo. O animal foi fotografado na Serra dos Órgãos, em Petrópolis, no RJ — Foto: ICMBio/Divulgação

O primeiro registro do mundo de uma onça-parda com leucismo foi divulgado na última quinta-feira (6) pelo ICMBio. A imagem foi feita em no Parque Nacional Serra dos Órgãos (Parnaso), em Petrópolis e faz parte de um estudo que será publicado no periódico científico Cat News, da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), em 2019.

A bióloga Cecília Cronemberger, que lidera a pesquisa, explicou em entrevista ao G1 que o animal foi flagrado por armadilhas fotográficas, durante um trabalho de monitoramento que envolvia 24 estações de amostragem que ocorreu entre 2010 e 2016. O felino é um macho jovem e foi fotografado em 2013 em dois pontos diferentes. Porém, nos anos seguintes, a onça não foi mais vista na região e seu paradeiro permanece desconhecido. A pesquisa foi interrompida em 2016 por falta de verba, mas Cronemberger diz que a ideia é conseguir financiamento ou parceiros novos para retomar o estudo.

Leucismo x Albinismo
O leucismo é uma mutação genética que causa a despigmentação em algumas partes do corpo. É diferente de albinismo que é a ausência total de melanina (veja também o post: Onça-preta e onça-pintada são animais da mesma espécie)

Aligátor albino – Foto: HawkeyeLonewolf/Creative Commons

Na natureza animais leucísticos e albinos são extremamente raros. Imagine um aligátor (réptil da mesma família do jacaré) caçando. Ele fica imóvel, próximo à superfície da água, tentando se passar por um tronco flutuante. Quando uma possível presa se aproxima para beber água, não percebe que o jacaré está ali e acaba virando refeição. Para um aligátor albino é mais fácil ser confundido com um picolé de baunilha gigante do que com um tronco flutuante. Seria muito difícil enganar qualquer animal.

Mas nem sempre a falta de pigmento é um problema, às vezes pode até ser a solução. Cavernas são ambientes privados de luz e, consequentemente de plantas. Os recursos disponíveis são escassos e ocasionais. Nessas condições é necessário economizar o máximo de energia possível. Como a produção de melanina gastaria preciosas calorias, indivíduos que não a produzem têm mais chances de sobreviver. Isso pode ter ocorrido durante a evolução dos troglobitas (animais que vivem exclusivamente em cavernas), animais que não possuem pigmentação e, em casos mais extremos, não têm olhos. Do que adianta enxergar se você está sempre no escuro, não é mesmo?

Proteus anguinus, um troglobita - Foto: Boštjan Burger/ Wikimedia Commons

Proteus anguinus, um anfíbio troglobita – Foto: Boštjan Burger/ Wikimedia Commons