A diversidade biológica é toda a riqueza e a variedade de espécies presentes no mundo todo, desde plantas até os microrganismos. Possui ampla importância, desde suas funções ecológicas que possibilitam o equilíbrio ambiental até no fornecimento de recursos para uso do ser humano, que depende dela para se alimentar, produzir remédios, entre outros.
Não se sabe exatamente a quantidade de espécies de fauna e flora existentes no mundo, porém há estimativa de que existam cerca de 10 a 15 milhões de espécies distribuídas mundialmente, sendo somente 1,5 milhões de espécies são conhecidas pelos cientistas, demonstrando que conhecemos muito pouco do que habita o planeta.
Por isso foi criado um dia especial para celebrar a biodiversidade: dia 22 de maio – Dia Internacional da Biodiversidade. A data visa aumentar a conscientização das pessoas sobre a diversidade de vida no nosso planeta.
Contudo, estamos enfrentando uma crise ambiental e a biodiversidade está ameaçada e sofrendo uma redução drástica no número de espécies, será que temos tempo para frear esse problema? Fica até o final que te explicamos!
Biodiversidade em risco?
A perda e ameaça à biodiversidade é uma realidade que o mundo está enfrentando devido a diversos impactos humanos na natureza, como a destruição dos habitats e a intensificação das mudanças climáticas, que estão sendo causadas pelo desmatamento, expansão desenfreada do agronegócio, poluição, a caça, pelo tráfico e atropelamento de animais.
A ONG World Wide Fund for Nature (WWF) vem monitorando o índice de biodiversidade do mundo e divulgando os resultados através do Relatório Planeta Vivo. No ano de 2022, os números foram chocantes e muito alarmantes, evidenciando ainda mais, o quanto a biodiversidade está ameaçada.
Neste último relatório, observou-se que nos últimos 50 anos, entre os anos de 1970 e 2018, este índice teve uma queda de 69% comparado aos anos anteriores.
Além disso, das 87 mil espécies de animais vertebrados do mundo, cerca de 16,9 mil estão ameaçadas de extinção, segundo o levantamento realizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) em 2022.
Na América Latina a situação é ainda mais preocupante, pois houve uma redução de 94% no tamanho das populações monitoradas pela ONG. Enquanto a América do Norte teve uma redução de 20%.
Somente no Brasil, desde 2003, a quantidade de animais ameaçados de extinção dobrou.
Há 20 anos contávamos com de cerca de 627 espécies ameaçadas, atualmente esse número chega a impressionantes 1.249 espécies animais em risco de extinção, sendo 291 de peixes continentais, 275 invertebrados terrestres, 257 espécies de aves, 102 de mamíferos, 97 de peixes marinhos, 97 de invertebrados aquáticos, 71 de répteis e 59 de anfíbios.
Segundo o gráfico, mais da metade dos animais ameaçados de extinção são peixes e aves. Outro grupo bastante ameaçado, são os anfíbios, que perderam 43% de seu habitat natural na Amazônia e no Cerrado devido a perda de vegetação para produção de soja ou criação de gado. O uso de agrotóxicos também consiste em uma grave ameaça a esse grupo de animais.
A população de botos da Amazônia caiu 65% em 22 anos, sendo a que mais diminuiu nas últimas décadas, podendo simplesmente deixar de existir daqui há alguns anos se nada for feito. Os botos são alvo da pesca incidental e também intencional para servirem de isca para a pesca ilegal da piracatinga, além de sofrerem pela contaminação de mercúrio nos rios.
Esses dados mostram tudo o que o ser humano vem provocando à natureza, evidenciando que nós estamos dominando e explorando o mundo natural sem pensar nas consequências e de forma extremamente irresponsável, deixando um futuro extremamente caótico para as próximas gerações.
As informações estão aí e já deu pra ter uma clara noção do que está por vir… mudanças climáticas, insegurança alimentar, perda da biodiversidade, prejuízos econômicos devido aos eventos climáticos extremos, pandemias, escassez de água, aumento da pobreza, entre outros inúmeros efeitos, afetarão ainda mais a todos.
E como a Agenda 2030 entra em cena?
A natureza saudável é essencial para a nossa sobrevivência, para a economia e bem-estar social e animal. É mais do que necessário a criação de planos governamentais globais para a mudança efetiva do cenário emergente atual com o intuito de implementações locais em cada país e cidade.
E um desses planos de ação é a Agenda 2030 criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), para guiar governadores a criar políticas para melhoria das condições ambientais e da população, além disso, serve de reflexão para que todos nós possamos pensar sobre como as nossas ações afetam o planeta.
Dentro desse documento, são apresentados 17 objetivos de desenvolvimento sustentável com 169 metas para que possamos conquistar um mundo melhor e mais sustentável, além de atingir a justiça social até o ano de 2030.
Os principais objetivos da Agenda 2030 consistem na erradicação da pobreza, no fornecimento de segurança alimentar para todos, para atingir igualdade social e de gênero, sem prejudicar a disponibilidade de recursos naturais garantindo a conservação da natureza, para que assim, as gerações futuras também possam ter acesso a eles e ter uma boa qualidade de vida.
Parar os impactos já não é suficiente, precisamos unir forças para realmente promover mudanças. Governos, instituições financeiras, grandes empresas e, nós, cidadãos, precisamos trabalhar juntos em prol da restauração ambiental e agir de acordo com o fluxo natural, pois a natureza tem o poder de se auto regenerar.
Segundo a revista Science, se revertermos as emissões de gases do efeito estufa, o risco de extinção de inúmeras espécies seria reduzido em 70%. Mas se nada for feito a tempo, a situação social e ambiental entrará em colapso.
Infelizmente, o cenário futuro não é muito positivo, pois estamos nos aproximando muito rapidamente de um ponto sem retorno.
Texto por: Giovanna Leite Batistão
Revisado por: Juliana Cuoco Badari