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Maurizélia de Brito, a querida Zelinha, dedicou mais de 30 anos da sua vida ao cuidado e fiscalização do Atol das Rocas, um ambiente marinho único, protegido pela UNESCO e referência mundial em conservação. Confira nosso texto e se encante por sua história de vida.

Quem é Zelinha Brito? 

Maurizélia de Brito, carinhosamente chamada de Zelinha, é uma das maiores especialistas do Atol das Rocas, mesmo sem nunca ter precisado de uma formação acadêmica para isso. Com mais de três décadas de experiência, ela conhece o atol como ninguém e se tornou uma referência em conservação marinha no Brasil.

Nascida em uma comunidade pesqueira da Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte, Zelinha cresceu em contato direto com o mar. 

Desde criança, acompanhava seu pai e amigos pescadores nas embarcações, aprendendo a importância da pesca sustentável e do respeito ao ambiente marinho. 

Seu pai, coordenador do antigo Instituto Brasileiro de Defesa Florestal (IBDF), foi quem a apresentou à fiscalização ambiental e à necessidade de proteger áreas naturais. Essa influência foi decisiva para a carreira de Zelinha.

Foto: Reprodução Mulheres da Conservação

Desde os 26 anos, ela se dedica integralmente à Reserva Biológica do Atol das Rocas, vivendo longos períodos isolada em um dos lugares mais remotos do Atlântico Sul, em algumas temporadas chega a permanecer até 9 meses por ano na ilha. Essa convivência intensa, muitas vezes solitária, não a afasta do mundo. Pelo contrário, aprofunda sua conexão com o lugar e fortalece seu compromisso com a conservação.

Apesar dos desafios naturais, para ela, o atol é mais do que uma área protegida: é seu lar, seu refúgio e missão de vida. E você? Já conhece sua importância? 

Reserva Biológica Atol das Rocas: o patrimônio natural do Atlântico Sul

O Atol das Rocas é o único atol do Atlântico Sul e um dos menores atois do mundo. Localizado a cerca de 270 km da costa de Natal, no Rio Grande do Norte, é uma pequena ilha de areia branca cercada por recifes de corais e formações de algas calcárias, que sustentam uma biodiversidade extraordinária.

Desde 1979, o Atol é uma Reserva Biológica Federal gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além disso, forma, junto com o Arquipélago de Fernando de Noronha, as Ilhas Atlânticas Brasileiras reconhecidas como Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO desde 2001. O atol também é um Sítio Ramsar, título que indica sua importância para a conservação de áreas úmidas de relevância global.

O atol é um dos ambientes marinhos mais preservados do planeta, praticamente livre do impacto humano. Abriga milhares de aves marinhas que usam suas praias para nidificar, além de diversas espécies de peixes, corais e invertebrados. A preservação desse ecossistema frágil depende da fiscalização rigorosa que Zelinha e sua equipe realizam para impedir a pesca ilegal, entrada não autorizada e outras ameaças.

Foto: Image Science and Analysis Laboratory, NASA-Johnson Space Center

Vida isolada e dedicação incomparável

Passar meses quase isolada no meio do oceano não é tarefa simples. Zelinha vive em condições que poucos suportariam: a única ligação com o continente é um barco que traz mantimentos e leva o lixo produzido. Enfrenta ventos fortes, tempestades repentinas, sol intenso e a solidão da imensidão do mar.

Essa rotina exigente moldou sua personalidade resiliente e sua capacidade de adaptação. Zelinha conta que o atol a salvou pessoalmente: enfrentou momentos difíceis no passado, mas se curou quando decidiu se dedicar inteiramente à proteção daquele lugar. Para ela, o atol é fonte de força e equilíbrio emocional.

Durante décadas, Zelinha teve que lidar com desafios extras, como a fiscalização constante em um local com até 14 barcos pesqueiros ao redor durante a alta temporada de pesca. Com sua atuação firme e diálogo respeitoso, ganhou o apelido de “xerife do mar”, conquistando o respeito das comunidades locais e colaborando para a diminuição da pesca ilegal.

Dia Mundial dos Oceanos

Comemorado em 8 de junho, o Dia Mundial dos Oceanos reforça a importância da proteção do mar e ecossistemas marinhos

O trabalho de Zelinha é um exemplo vivo do que essa luta representa. Conservar a vida marinha e garantir que gerações futuras possam usufruir da riqueza dos oceanos.

A história de Zelinha inspira pesquisadores, conservacionistas e toda a sociedade a valorizar e proteger as áreas marinhas, que são fundamentais para a saúde do planeta. 

Quer conhecer mais sobre Zelinha e o Atol das Rocas?

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Redação: Júlia Quintaneiro 

Revisão: Juliana Badari