O que é a Geração Z?
A definição da própria geração Z já carrega polêmica. Alguns defendem que compreende indivíduos nascidos entre 1995 ou 1997 e 2012. Outros acreditam que sejam os nascidos entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000.
Foto: https://miro.medium.com/v2/resize:fit:640/format:webp/1*8RWBs6H4HhPQRYvqZK90hg.png
De todo modo, essa faixa etária é marcada pelo uso intenso de tecnologia e redes sociais desde a infância, diferenciando-se das gerações anteriores por conta da sua relação íntima com os avanços digitais, que moldaram suas identidades, estilos de vida e formas de interação.
A facilidade de acesso à informação permitiu que eles se tornassem mais interados e críticos sobre o mundo ao seu redor. A tecnologia é uma parte essencial de suas vidas, e os jovens a utilizam para se conectar, aprender e, cada vez mais, para se engajar em causas sociais.
Além de serem nativos digitais, a Geração Z é a geração mais diversa da história. Compreendendo uma ampla gama de etnias, gêneros e orientações sexuais, eles tendem a valorizar a inclusão e a diversidade. Isso se reflete em suas preferências de consumo, onde muitas vezes escolhem marcas que se alinham com seus valores pessoais e sociais.
Geração Z características
Algumas características que moldam, no geral, essa geração:
1. Conectividade e redes sociais
Os jovens da Geração Z são a primeira geração a ter crescido com acesso contínuo à internet e às redes sociais. Plataformas como Instagram, TikTok e Twitter não são apenas ferramentas de comunicação, mas também meios para mobilização social e ativismo. A conectividade constante permite que esses jovens compartilhem informações rapidamente, promovendo causas em escala global.
2. Consumo consciente
Embora muitos jovens demonstrem interesse em produtos sustentáveis, as pesquisas indicam que as decisões de compra nem sempre refletem esses valores. Muitos estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis, mas quando se deparam com uma escolha prática, qualidade e preço muitas vezes prevalecem sobre a sustentabilidade.
Este gráfico da pesquisa “Euromonitor’s Voice of the Consumer: Sustainability Survey” mostra o padrão de consumo das diferentes gerações.
Quando analisamos o que influencia sua compra, dados da McKinsey mostram que há grande diferença entre as gerações no recorte da América:
3. Engajamento político e social
A Geração Z é notavelmente mais politicamente engajada do que as gerações anteriores. Eles não hesitam em expressar suas opiniões sobre questões sociais e políticas, especialmente nas redes sociais.
De acordo com o relatório “Youth, Protests and the Polycrisis” da UNICEF, protestos sobre questões globais, como por exemplo contra as mudanças climáticas ou o racismo aumentaram, inclusive por meio de movimentos transnacionais liderados por jovens.
Os jovens preferem o engajamento político informal ao formal, como por meio de protestos e ação direta, e vários fatores e queixas impulsionam a mobilização juvenil.
Confira o gráfico disponível no relatório sobre a relação de ativismo na internet.
4. Ansiedade e pressão social
Apesar de sua confiança nas redes sociais, a Geração Z também enfrenta altos níveis de ansiedade e pressão social. Podem se sentir sobrecarregados pelas mudanças climáticas, o que pode levar a problemas de saúde mental. Essa ansiedade, no entanto, também pode motivá-los a buscar soluções e a agir em prol de um futuro mais sustentável.
E qual a relação dessas características com a geração que é considerada “o futuro do planeta”?
Geração Z e sua relação com o Meio Ambiente
A relação da Geração Z com o meio ambiente é complexa e multifacetada. Enquanto muitos expressam preocupação e desejo de ação, ainda existem barreiras que dificultam a transição de crenças para ações práticas.
1. Preocupação Ambiental
Estudos mostram que a maioria dos jovens da Geração Z considera as mudanças climáticas como o maior desafio da próxima década. O sentimento de urgência é um reflexo de sua educação e da crescente cobertura midiática sobre questões ambientais.
Ao mesmo tempo, temos dados da UNICEF mostrando que apenas metade dos jovens sabe definir o que são mudanças climáticas.
Os dados do Brasil revelam informações importantes.
“No País, o percentual de jovens que entendem a definição de mudanças climáticas é de 56%. Já sobre informação, segundo o estudo, 71% dos brasileiros com idades entre 15 e 24 anos têm as redes sociais como principal fonte de notícias. Por outro lado, para a maioria (51%) dos brasileiros, médicos e profissionais de saúde são as fontes mais confiáveis de informação, seguido de 33% que acreditam na credibilidade de instituições religiosas como fonte de informação.” segundo o site da UNICEF.
2. Discrepância entre crenças e ações
Apesar do forte discurso em prol da sustentabilidade, muitos jovens da Geração Z lutam para traduzir essa preocupação em ações concretas. A pesquisa “Geração Z pelas lentes latinas” destaca que jovens em países como Brasil e Argentina apoiam causas ambientais, mas muitas vezes não adotam comportamentos que correspondam a essa preocupação. A prática do consumo consciente, por exemplo, é frequentemente deixada de lado em favor da conveniência.
Confira algumas informações sobre os resultados da pesquisa nos vídeos do @akirasoueu
Clique aqui e acesse a parte 1
Clique aqui e acesse a parte 2
Clique aqui e acesse a parte 3
3. Ativismo Climático
A Geração Z é conhecida por seu ativismo climático. Jovens como a ativista ambiental sueca, Greta Thunberg, se tornaram símbolos desse movimento, inspirando milhões de pessoas a se manifestar em defesa do meio ambiente. O movimento Fridays for Future, iniciado por Greta em 2018, mobilizou estudantes em todo o mundo para protestar contra a inércia política em relação às mudanças climáticas.
4. Dietas Sustentáveis
A Geração Z também busca demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade por meio da adoção de dietas mais sustentáveis.
O aumento do interesse por dietas veganas e vegetarianas é um exemplo claro disso. Essas escolhas, além de contribuírem com a melhoria da saúde, reduzem a pegada de carbono e também podem ajudar a conservar a biodiversidade ao diminuir a pressão sobre os ecossistemas naturais.
5. Educação Ambiental e ação comunitária
A educação ambiental desempenha um papel crucial na mobilização da Geração Z em torno da conservação da biodiversidade.
Organizações sem fins lucrativos e escolas estão promovendo programas de educação ambiental que incentivam os jovens a se envolverem em atividades práticas, como plantio de árvores, limpeza de praias e restauração de habitats.
Esse tipo de engajamento aumenta a conscientização, além de fornecer aos jovens experiências diretas que podem moldar suas atitudes em relação ao meio ambiente.
Confira o trabalho realizado pela @chalanaesperanca pela conservação do bioma Pantanal.
6. Ansiedade Climática
A ansiedade climática ou ecoansiedade acomete muitos jovens atualmente. Está relacionada com a preocupação e medo dos efeitos das mudanças climáticas, que são um desafio crescente.
A pressão para agir e a percepção de que a situação atual do planeta é desesperadora podem levar à hesitação. No entanto, em alguns casos essa ansiedade também pode ser transformada em motivação para agir. Oferecer ferramentas e recursos que capacitem os jovens a se envolver em soluções pode ser crucial.
O papel das redes sociais
As redes sociais têm sido fundamentais para mobilizar a Geração Z em torno de questões ambientais. As plataformas digitais não só facilitam a disseminação de informações, mas também promovem uma comunidade global de ativistas.
1. Mobilização e conscientização
Hashtags como #climateaction e #FridaysForFuture se tornaram virais, conectando milhões de jovens ao ativismo climático. As redes sociais permitem que os jovens compartilhem suas histórias, experiências e conhecimentos sobre sustentabilidade, aumentando a conscientização em suas comunidades e além.
2. Criação de conteúdo
Criadores de conteúdo nas redes sociais desempenham um papel significativo na promoção da sustentabilidade. Muitos influenciadores têm usado suas plataformas para educar seus seguidores sobre práticas sustentáveis, produtos ecológicos e a importância da conservação. Esse tipo de conteúdo tem o potencial de impactar diretamente o comportamento de consumo da Geração Z.
3. Participação em movimentos globais
As redes sociais também facilitam a participação em movimentos globais. Os jovens podem se mobilizar rapidamente para participar de protestos, campanhas de arrecadação de fundos e iniciativas de sensibilização. Essa capacidade de ação rápida e coordenada é uma das características distintivas da Geração Z.
A Geração Z precisa estar na vanguarda da luta por um futuro mais sustentável.
Com seu acesso à tecnologia, sua preocupação com questões sociais e ambientais, e sua capacidade de mobilização, esses jovens têm o potencial de provocar mudanças significativas. No entanto, para que suas intenções se traduzam em ações concretas, é necessário superar desafios como a desconexão entre crenças e ações e a ansiedade climática.
Reforçamos: os dados e pesquisas são variáveis e a discussão precisa ser aprofundada. O mais certo é apoiar para que esta geração tenha cada vez mais consciência dos problemas do nosso planeta e assim, possam fazer a diferença.
Redação: Júlia Quintaneiro
Revisão: Juliana Cuoco Badari