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Já ouviu falar dos bicudos? 

São pequenos passarinhos extremamente ameaçados de extinção mas que tem despertado a atenção de uma galera da conservação. 

 

Há mais de 50 anos não eram vistas espécies de bicudo nativas no Brasil e há mais de 80 anos não eram vistas em MG — Foto: Alice Lopes/Acervo Pessoal

Bicudo Macho. Imagem: Alice Lopes.

 

Características

Também conhecido como bicudo-do-norte (SP), bicudo-preto e bicudo-verdadeiro, o bicudo (Sporophila maximiliani) é um passeriforme pequeno da família Thraupidae ( entre 14,5 e 16,5 centímetros de comprimento). 

Os machos adultos apresentam coloração preta, com uma mancha branca na parte externa das asas. As fêmeas e os filhotes apresentam coloração parda, em tons de castanho. Os jovens machos começam a adquirir a plumagem de adulto por volta dos 12 meses de idade.

Seu bico, que dá nome à espécie é bastante robusto, sendo facilmente diferenciado dos demais  sporophilas devido a sua grande proporção em relação a cabeça.

 

Confira algumas informações sobre os bicudos, aves da família de sanhaçus e saíras — Foto: Arte/TG; Ilustração/Tomas Sigrist

 

Canto

O canto dos bicudos lembra o som de uma flauta e ocorrem variações regionais e individuais. Apesar de serem praticamente inexistentes na  natureza, em cativeiro são bastante abundantes sendo muito apreciados em campeonatos de canto. 

 

Bicudo macho. Imagem: Criadouro São Miguel.

 

Hábitos

Pouquíssimo se sabe sobre seus hábitos em vida livre. Além de serem naturalmente muito raros, são considerados já extinto em várias regiões onde ocorria.

Acredita-se pelos poucos estudos que existem e basicamente por relatos populares que a espécie habita pastos alagados, veredas com arbustos, bordas de capões de mata, brejos, beiras de rios e lagos, aparentemente em locais próximos à água.

São animais territorialistas, sendo encontrados em pares que defendem seus territórios contra invasores. 

 

A ave fêmea dos bicudos se difere por apresentar tons pardos, se opondo ao preto forte dos machos — Foto: Alice Lopes/Acervo Pessoal

Bicudo fêmea. Imagem: Alice Lopes

 

Reprodução

A estação reprodutiva vai de outubro a março, podendo um casal ter até três ninhadas no período. Cada postura varia de 2 a 3 ovos e o período de incubação vai de 13 a 15 dias. 

 

Alimentação 

Sua dieta se assemelha com os demais sporophilas, sendo composta por capim-navalha (Hypolytrum pungens), navalha-de-macaco (Hypolytrum schraerianum) ou a tiririca (Cyperus rotundus). 

Distribuição geográfica 

Os bicudos, originalmente eram encontrados no Amapá, leste e sudeste do Pará, Maranhão e Rondônia e, localmente, no Nordeste e Centro-oeste do País, de Alagoas ao Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, estendendo-se para oeste até Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso. Encontrado localmente também da Nicarágua ao Panamá e em todos os demais países amazônicos, com exceção do Suriname.

 

Municípios onde os observadores do WikiAves registraram ocorrências da espécie bicudo (Sporophila maximiliani).

 

 

Principais ameaças 

Por serem bastante apreciados por humanos os bicudos sofreram uma grande pressão de captura e hoje são já são considerados extintos em alguns estados como Rio de Janeiro e São Paulo.

Acredita-se também que os animais possam sofrer com envenenamento por agrotóxico devido a sua eventual alimentação em plantações de arroz.

 

Projetos desenvolvidos

Buscando alterar o seu crítico estado de conservação, pesquisadores de aves realizam importantes pesquisas e buscas pela espécie.

Após quase 3 anos de busca, em fevereiro de 2020, pesquisadores do WAITA Instituto de Pesquisa e Conservação encontram uma pequena população de Bicudos no leste de Minas Gerais e os vem monitorando desde então. 

Haviam mais de 80 anos que a ave não era encontrada em Minas e o reencontro trouxe esperança.

“Renova nossas energias e esperanças de vê-lo repovoando o Estado. Esse registro possibilitará diversos estudos comportamentais sobre habitat, alimentação e reprodução, que são praticamente inexistentes e serão fundamentais para subsidiar um futuro programa de reintrodução”. Alice Lopes, bióloga do WAITA.