Antes de qualquer coisa… Cobra, serpente e víbora é tudo a mesma coisa? Sim e não! Calma que vamos explicar!
Aqui no Brasil, quando falamos serpentes e cobras, normalmente estamos falando da mesma coisa. Répteis de corpo alongado, que não possuem patas, rastejam, possuem o corpo coberto por escamas e são ectotérmicas, ou seja, dependem do calor externo para regular sua temperatura.
Mas olhando esses temos mais a fundo, vemos que eles são diferentes. O termo “cobras” refere-se aos animais da família Colubridae, enquanto “serpentes” é usado para todas as famílias desses répteis alongados. Ou seja, toda cobra é uma serpente e nem toda serpente é uma cobra. Já as víboras são serpentes da família Viperidae e compreendem cerca de 360 espécies, entre elas a cascavel e jararaca.
Mas na real, na real… o nome popular vai ser cobra mesmo e vida que segue.
Importância das serpentes
Quando pensamos na importância das serpentes, não podemos deixar de falar do controle populacional que ela faz de anfíbios e pequenos roedores. Por se alimentar destes e de outros animais como invertebrados, lagartos e outras serpentes, por exemplo, elas impedem que as populações cresçam sem controle e se tornem pragas.
Além do mais, servem de alimento para outros bichos como corujas, gaviões, siriemas, gambás, entre outros.
Elas também têm uma grande importância na medicina, importância que vai além da produção do soro antiofídico! Pesquisadores descobriram que a peçonha de algumas serpentes podem ter diversos usos farmacêuticos. A peçonha da jararaca, por exemplo, é utilizada para a produção de Captopril, um medicamento para o tratamento de pressão alta! Para saber mais sobre os usos farmacêuticos, clique aqui!
Fato ou fake?
Muitas são as histórias envolvendo as serpentes, mas será que elas são verdadeiras ou apenas não passam de crenças populares? Selecionamos algumas para conversarmos sobre, bora lá?
História 1: As serpentes te atacam independente de qualquer coisa, se ver uma cobra é picada na certa.
Fake! Se você ver uma serpente apenas deixe-a em paz! Se ela estiver em seu caminho, desvie e não a importune. Não há motivos para elas atacarem se nós a deixarmos no canto delas, sem machucá-las ou incomodá-las! Elas irão se defender caso se sintam acuadas ou ameaçadas.
História 2: Ao tentar matar uma serpente, se ela não morrer, ela voltará para se vingar.
Fake de novo! As serpentes não têm essa capacidade de lembrar da sua carinha e nem têm esse desejo de vingança, pode ficar tranquilo! Mais uma vez: elas só vão atacar caso se sintam ameaçadas. O único errado nessa história é quem tenta matá-la.
História 3: As serpentes te hipnotizam.
É mentira! O que pode acontecer é a pessoa ficar paralisada de medo. Isso sim acontece, mas aí não tem nada a ver com o animal e sim com a resposta do corpo do indivíduo ao medo.
História 4: O formato da cabeça da cobra define se ela é peçonhenta ou não. Cabeça triangular é peçonhenta e cabeça ovalada não.
Também é mito! O formato da cabeça não quer dizer nada, a coral verdadeira é peçonhenta e apresenta a cabeça ovalada, já a jibóia possui cabeça triangular e não possui peçonha. Com dois exemplos simples a gente derrubou essa mentirinha.
História 5: Para distinguir a coral falsa da coral-verdadeira, é só olhar a barriga, se for branca é falsa.
Mais uma crença para a conta! E essa é complicada viu? Vocês não tem noção da quantidade de padrões de cor que corais-verdadeiras e falsas podem ter!!!
Olha só esse comparativo que o herpetólogo Marcus Buononato fez para auxiliar na identificação! Difícil distinguir né?
História 6: A caninana corre atrás.
Não! A caninana é uma serpente agressiva quando incomodada e pode dar uma investida na pessoa a fim de assustá-la, além de dilatar o pescoço para parecer mais ameaçadora. Mas daí a sair perseguindo alguém, é demais! Ela também não é uma espécie peçonhenta, então pode ficar tranquilo!
História 7: Os anéis do chocalho da cascavel indicam a idade dela.
Quem dera! Na verdade, os anéis do chocalho da cascavel indicam quantas trocas de pele ela já realizou. Em média, é acrescentado um anel ao chocalho a cada duas trocas de pele, e a frequência da troca varia com o tamanho da serpente, disponibilidade de alimento entre outros fatores.
Bom, existem muito mais histórias e crenças sobre as serpentes do que qualquer outra coisa, mas devemos sempre procurar saber se de fato procedem. Essa é única maneira de conscientizar as pessoas de que esses répteis não são animais ruins e evitar que mais e mais sejam mortos por desinformação!
O que fazer caso encontre uma serpente em casa.
Se alguma serpente entrar na sua casa ou no seu carro, você pode ligar para a polícia ambiental, para os bombeiros ou para algum órgão ou instituição capacitada para esse trabalho.
Se você estiver na zona rural e não conseguir ajuda, você pode tentar removê-la utilizando um rodo e colocá-la o mais longe possível da sua casa. Olha só como nosso biólogo, Gustavo Figueiroa, fez para remover uma cascavel da casa dos pais dele: clique aqui para ver o vídeo. Nos destaques do perfil do Gustavo no Instagram, ele também fala um pouco sobre as cobras e ainda mostra o pai dele removendo outra cascavel que apareceu, sem maiores problemas.
É de extrema importância ressaltar que se você não tiver conhecimento, experiência ou confiança, não manuseie nenhuma serpente pois acidentes podem acontecer.
Acidentes ofídicos
Como comentamos, acidentes acontecem e saber o que fazer nesses casos é de extrema importância! Primeiramente mantenha a calma! Lave a região com água e sabão, se mantenha hidratado, não faça torniquetes, não tente chupar o veneno e não faça mais cortes para o sangue sair. Vá imediatamente para o hospital e se possível, tire uma foto do animal ou tente descrevê-lo, mas se não conseguir tudo bem, o mais importante já foi feito!
Agora que você sabe a importância das cobras e que várias histórias eram apenas mitos, por favor, não mate e nem deixe as pessoas matarem ou maltratarem as cobras por falta de informação e medo!
Passe o conhecimento para frente! Conhece mais alguma crença? Conta pra gente!
Texto por Anna Luisa Michetti Alves
Revisado por Fernanda Sá