Pesquisas comprovam que o contato com a natureza traz benefícios para a saúde. Praticar atividades ao ar livre, em lugares afastados de centros urbanos, reduzem as chances de desenvolver ansiedade, depressão, estresse, previnem contra doenças cardíacas e precisam ser incorporadas na rotina das pessoas como forma de tratamento preventivo.
Uma pesquisa da Universidade de Chiba, no Japão, reuniu 168 voluntários, colocou metade para passear em florestas e o grupo restante para andar em centros urbanos. As pessoas que tiveram contato com a natureza mostraram, em média, uma diminuição de 16% no cortisol (hormônio do estresse), 4% na frequência cardíaca e 2% na pressão arterial.
Segundo Mário Negrão, neurologista e psicoterapeuta cognitivo, é possível notar uma melhora significativa no aparelho digestivo, nas alergias e na resistência a bactérias e infecções. Porém, o mais importante é a sensação de bem-estar.
A agitação dos grandes centros urbanos prejudica a saúde física e mental. As poluições sonora, visual e atmosférica somadas ao enclausuramento do dia a dia contribuem com o desencadeamento de problemas pulmonares, cardíacos e emocionais. “Quando você coloca um indivíduo em uma cidade sem muita natureza, você está colocando-o em um ecossistema hostil, onde tudo que o rodeia é artificial. É comprovado que isso gera um impacto imenso na saúde”, relata Negrão.
Na Austrália, um estudo produzido na Universidade Deakin mostra que a natureza oferece momentos de liberdade e relaxamento às pessoas, possui um impacto positivo no estado mental dos indivíduos e reduzir sintomas de ansiedade e depressão.
Na Holanda, pesquisadores do Centro Médico Universitário de Amsterdã constataram que pessoas que vivem próximas da natureza reduzem em 21% as chances de desenvolverem depressão. Os benefícios também envolvem melhora na qualidade do sono, no desenvolvimento cognitivo, na imunidade, nos problemas cardíacos e pulmonares, além de uma redução na ansiedade, na tensão muscular e na possibilidade de desenvolver doenças como obesidade e diabetes.
Para Teresa Magro, doutora em Ciências Florestais e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, a sensação de bem-estar também está relacionada ao que fazemos no ambiente natural. “Só o fato de olhar uma paisagem, fazer um passeio em um parque ou em uma área com menos barulho, já nos dá uma sensação de relaxamento”, afirma.
“Os benefícios fornecidos pela natureza – como ar puro, água, regulação microclimática, redução de partículas poluentes, relaxamento mental e físico, entre outros – e sua conexão com a saúde das pessoas devem ser vistos pela sociedade e pelo poder público como uma prioridade. Ter espaços verdes acessíveis e bem cuidados próximos da população estimula a visitação e a prática de atividades, o que resulta em indivíduos mais relaxados e produtivos”, completa a gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Leide Takahashi.