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Envolvida pelo espírito esportivo, a equipe da Greenbond entrou no ritmo das Olimpíadas e trouxe um blog quentinho inspirado por ela. Durante a semana, vimos posts de páginas que somos fãs (@waita.ong, @projetotatucanastra, @conservamoscerrado e @batepapocomnetuno), imaginando como seriam os jogos olímpicos com animais. E é claro que entramos nessa onda: vem conferir essas Olimpíadas que só tem fera!

 

Ginástica rítmica

A ginástica rítmica é uma modalidade que permite uma grande expressividade artística, combinando movimentos e capacidade física. E isso é o que não falta nesses competidores.

Em meio à Mata Atlântica, encontra-se uma espécie digna de ouro. O tangará (Chiroxiphia caudata) é um pássaro artista, que não poupa esforços para impressionar a fêmea. O macho, de cores chamativas, apresenta uma dança em conjunto na hora da conquista. Os machos alinham-se, fazendo um breve voo na frente da fêmea e indo em seguida para o final da fila. No fim do espetáculo, o macho-alfa faz um solo e, se aprovado, copula com a fêmea.

E se engana quem pensa que não é fruto de esforço: foram observados machos performando para outros, o que acredita-se que seja um ensaio antes de encarar as exigentes fêmeas. Você pode conferir essa coreografia nesse vídeo ou no documentário Our Planet da Netflix.

BBC News Brasil – A incrível dança do tangará 

 

Tangará. Foto: Leonardo Merçon – Biofaces

 

Outra performática do reino animal é a aranha-pavão australiana do gênero Maratus. Com cores chamativas, o macho apresenta uma dança cheia de floreios para a fêmea. Pernas levantadas, pulos, exibição de cores, são todas estratégias. Mas não só de conquista, estas táticas também são de sobrevivência. Mais exigentes que os jurados das Olimpíadas, é comum que as fêmeas insatisfeitas, ataquem os machos e até os matem. Não só antes, mas também depois da cópula. Esse espetáculo você pode conferir aqui.

Spider Dances For His Life!! | Life Story | BBC 

 

Aranha-pavão. Foto: Jürgen Otto – Creative Commons

 

A lesma-leopardo (Limax maximus) também tem seu próprio ritual único. Quando preparada para acasalar, a lesma deixa um rastro que pode ser reconhecido por outra que esteja no mesmo estado. Quando se encontram, essas lesmas rastejam para um local mais alto, como uma pedra ou rocha. Lá, elas se entrelaçam por horas, criando uma corda de muco. Por ela, elas se penduram, ainda entrelaçadas, onde finalmente ocorre a troca de material genético. Essa performance, estranhamente graciosa, você pode conferir aqui.

BBC Who Knew Slugs Could Be So Romantic

 

Lesmas-leopardo. Foto: Ken Griffiths – Canva

 

Escalada

A escalada, pela primeira vez esse ano nas Olimpíadas, já é o esporte favorito de alguns bichinhos. Um dos mais emblemáticos exemplos, é o íbex (Capra ibex), uma cabra silvestre europeia. Esses animais são exímios escaladores, com exemplos de subidas em paredões verticais de praticamente 90° de inclinação! Dá pra imaginar?

 

Íbex. Foto: R7

 

Já o leopardo (Panthera pardus), pode não ter cara de ser um escalador, mas é. Esse animal é frequentemente encontrado em árvores, e o motivo disso é a competição. Os leopardos dividem o ambiente com leões, hienas e cachorros-selvagens e, para não disputar a caça, se abrigam nas árvores. A nossa onça-pintada também é uma excelente escaladora, mas por ser o predador de topo em seu habitat, não há necessidade de ser tão ágil quanto o leopardo e, por isso, levaria a prata.

Nosso último competidor, nem perto de ser o mais veloz, é o bicho-preguiça, um animal lento de metabolismo baixo. Mas o que falta em agilidade, compensa em resistência. As preguiças brasileiras passam a maior parte da sua vida escalando árvores, descendo apenas uma vez por semana para se aliviar. Podem descer também em busca de alimento ou parceiros, mas com toda a proteção que as árvores oferecem, se torna um hábito incomum.

 

Halterofilismo

O halterofilismo, levantamento de peso, é uma modalidade disputadíssima no reino animal. Mas o Brasil tem um favorito na categoria: a sucuri (Eunectes sp.). Essa gigante que normalmente chega até os 5 m de comprimento e aos 100 kg, não é peçonhenta. Isso significa que ela usa de outra estratégia para caçar, a constrição. A presa é envolta por esse corpo maciço e apertada até morrer. Apesar de normalmente se alimentar de presas menores, possui força suficiente para predar grandes animais, como a onça-pintada.

 

Sucuri-verde. Foto: Edson Moroni – Biofaces

 

No continente vizinho, temos o elefante-africano (Loxodonta africana). Esse gigante possui mais 40.000 músculos na tromba! Isso significa que, só em sua tromba, já é capaz de carregar cerca de 200 kg, um competidor de peso.

Representando os Estados Unidos, a águia-careca (Haliaeetus leucocephalus), animal símbolo do país, é uma das maiores do mundo, com peso médio de 6kg. Essa ave pode não conseguir carregar tanto peso quanto o elefante mas, se comparado ao seu peso corporal, pode carregar mais que o próprio peso, sendo uma poderosa caçadora.

 

Boxe

Tradicional nos jogos olímpicos, os golpes do boxe também fazem parte da vida dos nossos competidores. A tamarutaca (Odontodactylus scyllarus), também conhecida como lagosta-boxeadora, é um invertebrado marinho que vive próximo às costas de mares tropicais e subtropicais, inclusive do Brasil. Esses animais são excêntricos desde as suas cores espalhafatosas até seu golpe singular.

A tamarutaca possui dois apêndices dianteiros, capazes de proferir um golpe com aceleração igual a do disparo de uma arma de calibre 22. Tudo isso em uma velocidade muito menor que um milésimo de segundo! Para ter alguma perspectiva, se um humano fosse capaz de acelerar os braços a um décimo da velocidade que a tamarutaca é capaz, seria possível lançar uma bola de baseball na órbita da Terra. Chocante, né?

 

Tamarutaca. Foto: BBC News Brasil

 

A lebre-europeia (Lepus europaeus), ou lebre-marrom, é uma conhecida boxeadora no Reino Unido, sendo inspiração da Lebre de Março, personagem de Alice no País das Maravilhas. Durante o seu período de reprodução, as lebres são vistas lutando não só com os punhos, mas também dando chutes – mais próximo do kickboxing que do boxe. Essas lutas se tratam de fêmeas tentando afastar machos insistentes. Quando importunadas o suficiente elas se voltam contra eles e os atacam, e como costumam ser maiores, não leva muito tempo para desistirem.

Os cangurus do gênero Macropus, nativos da Austrália, são conhecidos boxeadores. Os machos costumam lutar entre si na disputa por fêmeas. Não só com socos, os seus potentes chutes podem quebrar ossos e até matar seu adversário. Mas o mais bizarro sobre marsupiais gigantes boxeando? Nos anos 1930, as lutas de boxe entre cangurus e pessoas eram normais e até famosas! É possível achar vídeos com essas cenas pavorosas.

 

Atletismo

Em uma modalidade como o atletismo, não poderiam faltar os tradicionais animais mais rápidos do mundo. O guepardo (Acinonyx jubatus), nativo da África e Ásia, é sempre lembrado e não é por pouco. O mais veloz mamífero terrestre, alcançando 120 km/h. Isso é equivalente a 16 vezes seu próprio tamanho por segundo!

No ar, temos o falcão-peregrino (Falco peregrinus), encontrado em todos os continentes. Ele atinge uma velocidade ainda maior que a do guepardo: mais de 300 km/h. Uma corrida acirrada com um carro de Fórmula 1. Porém, isso só ocorre em um movimento durante a caça, quando o falcão mergulha para capturar a presa.

 

Falcão-peregrino. Foto: Aline Patricia Horikawa – Biofaces

 

No Brasil, temos um ligeirinho para nos representar também. O  morcego-sem-rabo-brasileiro (Tadarida brasiliensis) é capaz de atingir uma velocidade de 160 km/h em voos horizontais. Isso quer dizer que, em uma competição que não fosse um mergulho, esse morcego poderia levar o ouro. Vai Brasil!

 

Salto em distância

A rãzinha-saltadora (Pseudopaludicola saltica) é um anfíbio brasileiro de apenas 1,5 cm. Apesar de seu pequeno tamanho, sua potência é enorme: é capaz de saltar até 1,5 m. Isso é igual a 100 vezes o seu tamanho!

Não suficiente, a cigarrinha-da-espuma (Philaenus spumarius) consegue saltar uma distância ainda maior, cerca de 400 vezes o próprio tamanho. Esses animaizinhos originários da Europa possuem um tamanho de milímetros, mas se uma pessoa adulta tivesse essa capacidade, a distância em apenas um pulo seria cerca de 700 m.

Outro forte competidor é o esquilo-voador da família Sciuridae, predominante na Ásia. Esses animais possuem uma membrana lateral que os ajudam a planar durante o salto. Eles costumam planar por cerca de 20 m, mas em árvores altas podem chegar aos 90. Impressionante, não é? Pra voar mais longe que esses esquilos só mesmo nossa fadinha, Rayssa Leal.

 

Petaurista alborufus. Foto: Will Burrard-Lucas – Science Magazine

 

Essa foi nossa seleção de atletas de hoje. Qualquer oportunidade que aparece é sempre chance de nos fascinar pelo que a natureza é capaz e valorizar tudo que ainda temos a conhecer sobre ela. E você, sabe algum animal que arrasaria em uma modalidade olímpica? Conta pra gente!

 

Texto por Lidiane Nishimoto

Revisado por Fernanda Sá